domingo, 14 de junho de 2009

Ninguém muda o mundo

Ninguém muda o mundo de mãos nos bolsos. É complicado faze-lo quando ficamos parados a ver. Podemos dizer muitas vezes à mesa de jantar indignados: "Olha, despediram mais 150", mas continuamos a engolir mais uma colher de sopa.

Ninguém muda o mundo de mãos atrás das costas. Se ficarmos quietos a olhar os pássaros, eles continuarão por lá e nós continuaremos a dizer: "Olha, mais 150 que se foram" e os pássaros dão mais 3 ou 4 rodopiadelas. Porque ninguém se vai mexer para mudar isso.

"E olha, foram mais 150", e os cães continuam a ladrar e a caravana passa, porque ninguém morde a caravana? perguntam uns. Porque assim fomos educados que no meio é que está a virtude. Quem disse? quem gosta do centro para passear de caravana.

Ninguém vai mudar o mundo por ti. Porque ninguém quer saber de ti. "Olha, afinal só há emprego para 150 pessoas", e agora tocou-te a ti. As 150 que têm emprego são os da caravana, por isso, vamos morder-lhes as canelas. Porque ninguém mais vai pensar em ti enquanto achares que no meio é que está a virtude.

Quando votares, lembra-te dos 150. É que nem sempre no meio está a virtude, ultimamente no meio tem estado o desemprego, a fome, a precariedade e o desrespeito pelo povo.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Ri e acena

"Ri e acena" é o que dizem os pinguins do filme Madagáscar e é isso que eu vejo na classe politica, sujeitos de fato a rir e acenar. Mas o que mais me indigna é quando me fazem de parvo. Sou um apaixonado por musicas do mundo e o tocar de ouvido tem sido um dos eventos que mais me apaixonou em Évora e me fez vir algumas vezes a Évora para assistir. Mas agora que estou em Évora fui ver o cartaz e apesar de Sara Tavares não me agradar, Dazkarieh é uma das minhas bandas favoritas, a mistura de Rabih e Ricardo Ribeiro e o exotismo de A Barca, a genialidade de Kepa e a beleza das Leilia, e tudo isso me faria ir à Arena d'Évora durante 3 dias, se não fosse sentir que me estavam a gozar.
Depois dos dinheiros absurdos que a Câmara municipal de Évora paga à Pédexumbo para este evento, nós temos ainda de pagar mais 6 euros por dia, ou 10 euros para os 3 dias.
Eu não acho caro, a sério que não acho, mas eu já paguei. Paguei nas finanças, paguei eu e todos os contribuintes. Então senhores, porque raios tenho eu de voltar a pagar algo que foi o meu dinheiro que pagou à uns tempos atrás? Então senhores, porque raios tenho eu de dar mais 6 euros para alem do que já pagaram sem me pedirem.

Por isso senhores, se querem que eu vá aquela aberração da Arena, ver a falta de respeito que vocês têm pelos artistas, primeiro perguntem-me se quero pagar antes ou depois. É que depois de pagar antes não quero pagar outra vez.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Politicos profissionais

Não acredito em políticos profissionais. Alguém que passou toda a sua vida a viver nos corredores políticos sem conhecer realmente os problemas da sociedade.
Não entendo como se pode ter uma ministra da educação que não conhece as escolas deste país, um ministro da cultura que não vai ao teatro nem acompanha o cinema e uma ministra da saúde que só conhece os hospitais privados, e ainda um primeiro-ministro que não conhece o país que tem.

Precisamos de gente séria, que viveu como nós, só pessoas que conhecem a sociedade em toda a plenitude podem governar em toda a plenitude. Não se pode continuar a aceitar que um primeiro-ministro continue a governar sem na verdade se aproximar do seu povo, não se pode aceitar que um primeiro-ministro continue a ir às escolas cercado de seguranças e a falar para meia-dúzia de jovens que não são mais que os escolhidos nos quadros do seu partido. Não se pode aceitar que uma ministra continue a encerrar hospitais e centros de saúde tendo por base números e gastos e sem saber realmente quais as condições em que vive determinada população. Não se pode aceitar que o ministério da educação use a mesma bitola para as escolas privadas de elite e para as escolas publicas de bairros sociais.

É necessário neste momento uma politica de proximidade, proximidade às populações e aos problemas, proximidade às pessoas. Não necessitamos mais de políticos profissionais que apenas se servem, precisamos de políticos capaz de servir o seu povo, independente de raça, credo ou estrato social. Necessitamos de um estado socialista, em que a educação seja vista como uma regalia que o povo recebe e não uma obrigação, precisamos de um estado em que a saúde seja acessível a todos, sem filtragens absurdas e filas intermináveis, precisamos de cultura para educar o povo.
Não queremos mais políticos profissionais que apenas trabalham em prol de eles mesmo, não precisamos de chefes, doutores, gestores, mandadores que recebem milhões para gerir as nossas vidas sem sequer as conhecerem.

Queremos gente como nós a governar-nos.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Arena D'évora




Dizia Eduardo Luciano no Registo que Évora não adere à novíssima Arena d'Évora. Verdade! De quem é a culpa? Talvez nossa, nossa que deixamos que se remodelasse uma praça de touros e a entregassem para a família Torres. Nossa que permitimos que nos atirem areia para olhos com a desculpa que tinha de ser remodelado aquele espaço para dar melhor aspecto aquela zona da cidade. Nossa que permitimos ser gozados pelo executivo camarário que insiste em dizer que a Arena tem todas as condições para ser um espaço multiusos quando na verdade serve apenas para Touradas.

Todos os que se deslocam a espectáculos sabe que Évora não tem um publico certo, mas tem muitas vezes um publico certeiro, um publico que sabe o que quer e que já provou mais que uma vez que não quer a Arena.
Pergunto, qual a legitimidade dos programadores da CME e da Arena para colocar o espectáculo Conversa da Treta na Arena quando na verdade têm uma das mais bonitas salas de Teatro do país? Pois, se calhar pensando bem eles nem conhecem uma das mais bonita salas de Teatro do Pais porque ela não é de certo a Arena.

É preciso uma sala multiusos, com condições acústicas, com segurança e qualidade. Praças de touro servem para aqueles que tanto a amam. Mas também é necessário haver inteligência e discernimento naqueles que programam, decidem e mandam na cultura promovida pela CME. Não se podem continuar a oferecer espectáculos em condições de desrespeito para o publico e para os artistas. O Publico quer qualidade, e é isso que os faz frequentar salas de espectáculos.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Alentejo ou o post numero um

O meu Alentejo sempre foi imenso, era o meu Mar Fosco onde eu voltava sempre que me sentia perdido. Era a minha terra de sempre, a terra do meu coração. Agora voltei de vez, voltei para ficar. O Alentejo continua igual apesar de todas as suas mudanças. O cheiro, o sol, o branco, é o meu Alentejo ainda.
As coisas mudaram na minha cidade, Évora não é mais a mesma, falta muito, quase tudo, mas ainda assim é Évora. Voltei, voltei porque sim. Lisboa é Lisboa, mas nunca terá lá o meu Alentejo.

Agora vou ficar por cá, a ver, a olhar, este meu Alentejo que muito tem. Porque o Alentejo é o meu Mar Fosco, e eu faço-me ao Mar quando quero.