terça-feira, 28 de julho de 2009

Campanha CDU - Évora (1)



Saíram os novo mupis da CDU, de design gráfico fraco, mas de ideias apelativas. O primeiro que me chamou à atenção foi o de "Évora Viva, Cidade Limpa". Apesar do emaranhado de cores chamar a atenção o facto da cidade estar suja e mal tratada é importante.

Évora está agora nojenta. Uma cidade património mundial não se pode dar ao luxo de receber os visitantes com prédios sujos da Cruz da Picada, muitos menos acolhe-los num centro histórico património mundial com o chão cheio de papéis, beatas, pastilhas e muitas vezes dejectos de pombos e cães. Alem disso, casas privadas e públicas estão muitas vezes degradadas, ou com pinturas sujas.

É altura de mudar isto, numa cidade património mundial.

sábado, 25 de julho de 2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Carlos Paredes, foi há 5 anos que o perdemos.

o meu viiznho

O meu vizinho era agricultor. Sempre o foi, aprendeu a ler porque o doutor que tomava conta das terras achou que todos deviam aprender a ler. Então, uma hora por dia, entre as 17h e as 18h levava todos os trabalhadores até ao casarão e ensinava-os a ler. O meu vizinho hoje pode sentar-se na varanda e ler o Jornal, e quando eu lá chego com um livro e me sento ao lado dele, antes que eu possa sequer procurar a ultima página que li, lá me diz ele: "Rapaz, isto não anda famoso", secretamente não me interessa o livro para nada, interessa-me mesmo é a conversa e os ensinamentos de quem conheceu a economia da terra, de quem cursou a sabedoria da vida.
"Rapaz, li agora que nós apenas produzimos um terço do que comemos. Estamos a vender-nos aos outros sabes. Quando eu era agricultor, tínhamos trabalho o ano todo, tínhamos comida para nós, e para os outros. Trabalhávamos muito, é verdade, mas podíamos dizer que a terra que sujava as batatas era nossa. Agora, meu rapaz, nem sabemos de onde vêm as batatas, nascem sem sujidade. E sabes o que mais me custa, não é viver com as batatas dos outros, é que podiam ser eles a viver com as nossas batatas e ninguém deixa. Temos campo que dá para produzir para nós e para eles. Temos trabalhadores que querem apenas uma terrinha para trabalhar. Mas neste país onde todos acham que temos de viver à custa de alguém andamos assim, com terra, muita, mas sem batatas. Com mar, muito, mas a comer as sardinhas dos outros. E até os médicos já importamos. No dia em que tivermos alguém a mandar que pense em nós, a crise abala, mas agora, em que cada um pensa no seu bolso, a crise continua para nós dois, para outros tantos milhões, menos para aqueles que se senta naqueles carros grande comprados com o dinheiro que era para plantar batatas."
E eu calei-me, porque mesmo depois de quase 20 anos de estudo, a sabedoria deste homem é dos maiores ensinamentos que eu posso receber.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Na praça.

Há dias que nos dão um gozo tremendo. Há dias que nos dá vontade de acreditar que o egoismo, a miséria, a hipocrisia e porque não, o capitalismo, vai ser banido do mundo.

Conheci hoje um senhor, olhar no chão mas sorriso aberto. Estava sentado no banco da Praça do Giraldo em Évora. Perguntei-lhe se me podia sentar, "claro" respondeu ele. Sentei-me, meti conversa com um típico "Já viu este calor" e ai a voz soltou-se. Era bonita a forma como ele falou da esposa e da filha, um orgulho só visto naquele olhar "Um dia a minha mulher disse-me para me deixar de politiquices, mas eu não podia, todas as porradas que levei nas costas valeram a pena na noite de 24 de Abril."
Perguntei-lhe porque levou porrada e disse-me ele com a voz a começar a embargar-se: "Olhe, porque não queria estar calado, na empresa onde trabalhava chegava a trabalhar 12horas, e sem receber mais nada. O Patrão dizia que não podíamos sair enquanto não terminássemos, então ficávamos ali a trabalhar, não podíamos dar-nos ao luxo de perder o emprego. Um dia aproveitamos o 1º de Maio para nos manifestar-mos na empresa, queríamos salário mais altos, o patrão chamou a GNR e queriam saber quem tinha organizado aquilo, tinha sido um rapaz de vinte e poucos anos e dois filhos, eu sabia que eles iam dar-lhe porrada e ele talvez até saísse da empresa, acabei por me acusar, levei porrada até ficar enrolado no chão, no outro dia o patrão mandou-me nunca mais ali voltar. Foi o meu ultimo dia lá."
Ouvi mais algumas conversas, conversa de quem não tinha nada a ver com o PCP, conversa de quem pensava no colectivo: "Porque lutou tanto, porque se sujeitou tanto?", os olhos baixaram:"Se todos pensássemos em todos, se eu hoje estivesse preocupado com o meu vizinho, e o meu vizinho com o outro vizinho, nós estávamos todos bem, mas infelizmente os meus vizinhos só se preocupam com eles, e então estamos todos mal, e alguns estão muitíssimo bem."

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Economia básica?

Dizia um senhor com alguma idade em Viana do Alentejo: "Isto está mal para nós amigo, porque eles querem. Isto era simples, se chegassem à dos ricos e lhe tirassem um pouquexinho e o dessem aos pobres, nós hoje estávamos muito melhor."

"E então porque é que ninguém faz isso?" - retorqui eu.

"Oh amigo, é que quem podia mandar tirar um pouquexinho aquela gente não quer zangar-se com os amigos"

"É que eles têm muito, não o usam para nada, fica no banco, mas é que dizer que tem muito é bonito, e nós que nos lixemos com a porcaria dos 200€ que não me chega para saber as noticias dos jornais ou para comprar uma garrafa d'água" disse o compadre que estava ao lado.

E disse eu: "Então amigos, isso até parece simples, andamos aqui a discutir coisas e parece que as coisas são simples de resolver."

"E são amigo, são mesmo, mas para isso é preciso que chegue lá alguém que não pense em enriquecer por fora, é preciso quem esteja lá a pensar em nós e não nele próprio. Isto está minado, hoje ninguém quer saber do vizinho, é o exemplo que têm do poder. É preciso ser o povo a mandar nisto e não os capitalistas. É que essa gente sabe fazer contas, mas isto não é uma questão de tabuada, é uma questão de justeza social"

E assim lhe dei um abraço e me vim embora rejeitando um queijinho lá na tasca, a tarde estava a adiantar-se.

PCP porquê?

Muitos acham estranho porque é que o PCP tem tanta força no Alentejo, eu estive em Aljustrel e percebi.
O PCP não é um partido normal, é um grupo de gente, gente com coração, que está ao nível de toda a gente, é gente como nós, somos gente como todos vós.
Percebi em Aljustrel que em 30 e tal anos de democracia o PCP foi o único que ajudou aquela gente, o PCP foi o único que esteve ao lado dos trabalhadores, dos desempregados, dos estudantes. Foi o único que esteve ao lado de toda a gente.
Dizia-me um senhor: "Foi graças a um camarada do partido que antes do 25 de Abril não morri debaixo da enxada do meu patrão"
E eu curioso com a história perguntei-lhe: "mas então que se passou?"
E ele com a voz embargada: "Aquele fascista não queria pagar-me o mês inteiro, e tinha a GNR ao lado dele, e quando eu lhe fiz frente ele levantou-me a enxada e um camarada é que o agarrou e lhe tirou a enxada"
"Era normal esse tipo de atitude pelos patrões?" - perguntei-lhe eu.
"Eles faziam o que queriam, mas eu não era do PCP, mas aqueles eram os únicos que pensavam em nós, fossemos no partido ou não, vi-os muitas vezes apanhar porrada porque apoiavam os trabalhadores, havia doutores de Lisboa que vinham para cá trabalhar connosco para puderem apoiar-nos."

Mais tarde conheci uma senhora de 40 anos que diz que trabalhou nas minas como secretária e foi despedida, dizia-me ela que os únicos que lhe perguntaram se precisava de alguma coisa foram os do PCP, o resto só lá ia falar com ela quando as cameras da TV estavam ligadas "Andaram ai pessoas do PCP durante uns dias, falavam com as pessoas, depois ninguém de outros partidos cá veio, ainda ai teve um dos outros mas falou com o meu marido quando a televisão esteve a gravar, depois despediu-se e enfiou-se no carro, nem quis saber mais de nós".

Foi assim que percebi hoje de manhã que o PCP é diferente.

domingo, 14 de junho de 2009

Ninguém muda o mundo

Ninguém muda o mundo de mãos nos bolsos. É complicado faze-lo quando ficamos parados a ver. Podemos dizer muitas vezes à mesa de jantar indignados: "Olha, despediram mais 150", mas continuamos a engolir mais uma colher de sopa.

Ninguém muda o mundo de mãos atrás das costas. Se ficarmos quietos a olhar os pássaros, eles continuarão por lá e nós continuaremos a dizer: "Olha, mais 150 que se foram" e os pássaros dão mais 3 ou 4 rodopiadelas. Porque ninguém se vai mexer para mudar isso.

"E olha, foram mais 150", e os cães continuam a ladrar e a caravana passa, porque ninguém morde a caravana? perguntam uns. Porque assim fomos educados que no meio é que está a virtude. Quem disse? quem gosta do centro para passear de caravana.

Ninguém vai mudar o mundo por ti. Porque ninguém quer saber de ti. "Olha, afinal só há emprego para 150 pessoas", e agora tocou-te a ti. As 150 que têm emprego são os da caravana, por isso, vamos morder-lhes as canelas. Porque ninguém mais vai pensar em ti enquanto achares que no meio é que está a virtude.

Quando votares, lembra-te dos 150. É que nem sempre no meio está a virtude, ultimamente no meio tem estado o desemprego, a fome, a precariedade e o desrespeito pelo povo.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Ri e acena

"Ri e acena" é o que dizem os pinguins do filme Madagáscar e é isso que eu vejo na classe politica, sujeitos de fato a rir e acenar. Mas o que mais me indigna é quando me fazem de parvo. Sou um apaixonado por musicas do mundo e o tocar de ouvido tem sido um dos eventos que mais me apaixonou em Évora e me fez vir algumas vezes a Évora para assistir. Mas agora que estou em Évora fui ver o cartaz e apesar de Sara Tavares não me agradar, Dazkarieh é uma das minhas bandas favoritas, a mistura de Rabih e Ricardo Ribeiro e o exotismo de A Barca, a genialidade de Kepa e a beleza das Leilia, e tudo isso me faria ir à Arena d'Évora durante 3 dias, se não fosse sentir que me estavam a gozar.
Depois dos dinheiros absurdos que a Câmara municipal de Évora paga à Pédexumbo para este evento, nós temos ainda de pagar mais 6 euros por dia, ou 10 euros para os 3 dias.
Eu não acho caro, a sério que não acho, mas eu já paguei. Paguei nas finanças, paguei eu e todos os contribuintes. Então senhores, porque raios tenho eu de voltar a pagar algo que foi o meu dinheiro que pagou à uns tempos atrás? Então senhores, porque raios tenho eu de dar mais 6 euros para alem do que já pagaram sem me pedirem.

Por isso senhores, se querem que eu vá aquela aberração da Arena, ver a falta de respeito que vocês têm pelos artistas, primeiro perguntem-me se quero pagar antes ou depois. É que depois de pagar antes não quero pagar outra vez.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Politicos profissionais

Não acredito em políticos profissionais. Alguém que passou toda a sua vida a viver nos corredores políticos sem conhecer realmente os problemas da sociedade.
Não entendo como se pode ter uma ministra da educação que não conhece as escolas deste país, um ministro da cultura que não vai ao teatro nem acompanha o cinema e uma ministra da saúde que só conhece os hospitais privados, e ainda um primeiro-ministro que não conhece o país que tem.

Precisamos de gente séria, que viveu como nós, só pessoas que conhecem a sociedade em toda a plenitude podem governar em toda a plenitude. Não se pode continuar a aceitar que um primeiro-ministro continue a governar sem na verdade se aproximar do seu povo, não se pode aceitar que um primeiro-ministro continue a ir às escolas cercado de seguranças e a falar para meia-dúzia de jovens que não são mais que os escolhidos nos quadros do seu partido. Não se pode aceitar que uma ministra continue a encerrar hospitais e centros de saúde tendo por base números e gastos e sem saber realmente quais as condições em que vive determinada população. Não se pode aceitar que o ministério da educação use a mesma bitola para as escolas privadas de elite e para as escolas publicas de bairros sociais.

É necessário neste momento uma politica de proximidade, proximidade às populações e aos problemas, proximidade às pessoas. Não necessitamos mais de políticos profissionais que apenas se servem, precisamos de políticos capaz de servir o seu povo, independente de raça, credo ou estrato social. Necessitamos de um estado socialista, em que a educação seja vista como uma regalia que o povo recebe e não uma obrigação, precisamos de um estado em que a saúde seja acessível a todos, sem filtragens absurdas e filas intermináveis, precisamos de cultura para educar o povo.
Não queremos mais políticos profissionais que apenas trabalham em prol de eles mesmo, não precisamos de chefes, doutores, gestores, mandadores que recebem milhões para gerir as nossas vidas sem sequer as conhecerem.

Queremos gente como nós a governar-nos.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Arena D'évora




Dizia Eduardo Luciano no Registo que Évora não adere à novíssima Arena d'Évora. Verdade! De quem é a culpa? Talvez nossa, nossa que deixamos que se remodelasse uma praça de touros e a entregassem para a família Torres. Nossa que permitimos que nos atirem areia para olhos com a desculpa que tinha de ser remodelado aquele espaço para dar melhor aspecto aquela zona da cidade. Nossa que permitimos ser gozados pelo executivo camarário que insiste em dizer que a Arena tem todas as condições para ser um espaço multiusos quando na verdade serve apenas para Touradas.

Todos os que se deslocam a espectáculos sabe que Évora não tem um publico certo, mas tem muitas vezes um publico certeiro, um publico que sabe o que quer e que já provou mais que uma vez que não quer a Arena.
Pergunto, qual a legitimidade dos programadores da CME e da Arena para colocar o espectáculo Conversa da Treta na Arena quando na verdade têm uma das mais bonitas salas de Teatro do país? Pois, se calhar pensando bem eles nem conhecem uma das mais bonita salas de Teatro do Pais porque ela não é de certo a Arena.

É preciso uma sala multiusos, com condições acústicas, com segurança e qualidade. Praças de touro servem para aqueles que tanto a amam. Mas também é necessário haver inteligência e discernimento naqueles que programam, decidem e mandam na cultura promovida pela CME. Não se podem continuar a oferecer espectáculos em condições de desrespeito para o publico e para os artistas. O Publico quer qualidade, e é isso que os faz frequentar salas de espectáculos.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Alentejo ou o post numero um

O meu Alentejo sempre foi imenso, era o meu Mar Fosco onde eu voltava sempre que me sentia perdido. Era a minha terra de sempre, a terra do meu coração. Agora voltei de vez, voltei para ficar. O Alentejo continua igual apesar de todas as suas mudanças. O cheiro, o sol, o branco, é o meu Alentejo ainda.
As coisas mudaram na minha cidade, Évora não é mais a mesma, falta muito, quase tudo, mas ainda assim é Évora. Voltei, voltei porque sim. Lisboa é Lisboa, mas nunca terá lá o meu Alentejo.

Agora vou ficar por cá, a ver, a olhar, este meu Alentejo que muito tem. Porque o Alentejo é o meu Mar Fosco, e eu faço-me ao Mar quando quero.